Afeto e afetividade: ensino sobre fé na prática
Falar sobre afetividade há uns 40 anos e falar hoje nos leva a duas observações. A primeira: no passado, o ser humano carecia do mesmo afeto que na atualidade. A segunda: o meio em que vive o ser humano mudou nessas últimas décadas.
Quando nascia uma criança, ela era da família toda, sendo educada pela mãe, pelo pai, irmãs e irmãos mais velhos, avós e até mesmo bisavós. Quando completava sete anos, era levada para a escola, onde permanecia com a Professora, o Professor por algumas horas. A criança era amada e aprendia a amar com várias pessoas da sua grande família.
O tempo mudou e as famílias também, mas o ser humano continua com as mesmas necessidades básicas, dentre elas a afetividade. Na sociedade atual, os pais e as mães estão imersos e imersas em uma rotina de compromissos. Mal a criança completa três ou quatro meses, a mãe precisa retornar ao trabalho. A tarefa de ensinar e cuidar e amar, desde bem cedo, é compartilhada com a escola e o tempo para o convívio familiar diminuiu.
Esta é a criança que recebemos no final de semana na Igreja e que, muitas vezes, não conseguimos entender, pois não senta quietinha para ouvir a história que preparamos com tanto esmero! É que os tempos mudaram e a Igreja precisa adaptar-se à nova realidade familiar e social.
Quando preparamos uma história ou uma dinâmica para o encontro com as crianças, precisamos levar em conta que o ser humano com o qual vamos lidar é inteiro, completo, que tem emoções, movimentos e uma vontade enorme de pertencer a um grupo. De acordo com a Educadora Marta Kohl de Oliveira, a criança ‘deve deixar de ser vista somente como ser pensante [...]. Ela deve ser concebida como ser completo, o que vale dizer psicomotor, social e afetivo, mas também, ser em processo de constituição da pessoa’ (Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão).
Para conhecer a criança que está diante de nós, podemos ampliar o contato de final de semana. Nesse sentido, os meios de comunicação da nossa época são instrumentos de grande valor. Cada vez mais crianças têm acesso a eles. Por exemplo, a mensagem de voz via WhatsApp! Tenho crianças das quais fui Professora com quem me comunico dessa forma!
Transmitir afeto é mostrar interesse pela outra pessoa, procurando ouvir e ajudar nos seus conflitos diários. Perto ou longe, é possível dar voz à criança e valorizar os seus sentimentos e as suas percepções. Assim, a afetividade é o ensino sobre a fé na prática, partindo-se dos exemplos que o próprio Jesus Cristo nos deixou.
Profa. Berta Pufal Devantier | Professora da Rede Municipal (ACT), em Palhoça/SC