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ID: 2660

O que é autismo?

Artigo

16/08/2018

 

O que é autismo?1

O autismo é um transtorno no desenvolvimento que dura a vida toda e impacta a maneira como a pessoa se comunica e se relaciona com as outras. Também impacta o seu modo de entender o mundo ao seu redor.

Trata-se da condição de um espectro, o que significa que, apesar de todas as pessoas com autismo terem certas dificuldades em comum, sua condição vai afetá-las de maneiras diferentes. Algumas pessoas com autismo conseguem levar uma vida relativamente independente, mas outras podem ter dificuldades de aprendizagem associadas e precisarão de apoio especializado por toda a vida. As pessoas com autismo também podem ter hipersensibilidade ou hipossensibilidade a sons, toques, gostos, cheiros, luz ou cores.

A síndrome de Asperger é uma forma de autismo. As pessoas com síndrome de Asperger frequentemente têm uma inteligência média ou acima da média. Elas têm menos problemas com a fala, mas podem mesmo assim ter dificuldades para compreender e processar a linguagem.

Como as pessoas com autismo veem o mundo?

As pessoas com autismo relatam que, para elas, o mundo é uma massa confusa de pessoas, lugares e acontecimentos, que elas se esforçam para entender e que pode lhes causar uma ansiedade considerável.

Em particular, compreender e se relacionar com outras pessoas e participar da vida diária da família e da vida social é difícil para elas. As outras pessoas parecem saber se comunicar e interagir umas com as outras de forma intuitiva, e algumas pessoas com autismo talvez se perguntem por que são diferentes.

Sobre o autismo

O autismo é um transtorno no desenvolvimento que dura por toda a vida. Ele faz parte do espectro do autismo e é, às vezes, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo ou TEA . A palavra espectro é usada porque, embora todas as pessoas com autismo tenham três principais áreas de dificuldade em comum, sua condição vai impactá-las de maneiras muito diferentes. Algumas são capazes de viver uma vida relativamente comum; outras precisarão de apoio especializado durante toda a vida.

As três principais áreas de dificuldade

As três principais áreas de dificuldade que todas as pessoas com autismo têm em comum são, às vezes, conhecidas como tríade de dificuldades. São elas:

• dificuldade na comunicação social;

• dificuldade na interação social;

• dificuldade com a imaginação social.

Estas dificuldades serão descritas em mais detalhes a seguir.

Pode ser difícil conscientizar as pessoas em geral acerca do autismo porque os indivíduos com essa condição não aparentam ter uma deficiência: os pais de crianças com autismo costumam relatar que outras pessoas simplesmente acham que seu filho é malcriado.

Todas as pessoas com autismo podem se beneficiar de um diagnóstico precoce e do acesso a serviços e apoio adequados.

Dificuldade na comunicação social

Para as pessoas com transtornos do espectro do autismo, a linguagem corporal pode parecer tão estranha quanto ouvir uma língua estrangeira desconhecida.

As pessoas com autismo têm dificuldades com a linguagem verbal e não verbal. Muitas compreendem a linguagem de forma muito literal e acham que as pessoas sempre querem expressar exatamente aquilo que dizem. Elas podem ter dificuldades em usar ou compreender:

• expressões faciais ou o tom de voz;

• brincadeiras ou piadas e sarcasmo;

• expressões e ditos comuns; um exemplo poderia ser a expressão Que show!, geralmente usada para expressar que algo é bom, mas a rigor também pode ser entendida literalmente como se se referisse a um espetáculo.

Algumas pessoas com autismo talvez não falem ou tenham uma fala bastante limitada. Geralmente entendem o que as outras pessoas lhes dizem, mas elas próprias utilizam meios alternativos de comunicação, como linguagem de sinais ou símbolos visuais.

Outras podem ter boas aptidões linguísticas, mas, ainda assim, talvez tenham dificuldade de entender o caráter dialógico das conversas, por vezes, repetindo o que a outra pessoa acabou de dizer (situação conhecida como “ecolalia”) ou falando longamente sobre os seus próprios interesses.

As outras pessoas podem ajudar falando de forma clara e consistente e dando à pessoa com autismo tempo para processar o que lhe foi dito.

Dificuldade na interação social

A socialização não vem ao natural - é preciso aprendê-la.

As pessoas com autismo, muitas vezes, têm dificuldade em reconhecer ou compreender as emoções e sentimentos das outras pessoas, bem como em expressar os seus próprios sentimentos e emoções, o que pode dificultar a sua inserção na vida social. Elas talvez:

• não entendam as regras sociais não escritas que a maioria de nós apreende sem pensar: elas podem, por exemplo, colocar-se perto demais da outra pessoa ou iniciar uma conversa cujo assunto é inadequado;

• pareçam ser insensíveis por não reconhecerem como a outra pessoa está se sentindo;

• prefiram ficar sozinhas em vez de procurar a companhia de outras pessoas;

• não procurem consolo de outras pessoas;

• pareçam se comportar de forma estranha ou inadequada, pois nem sempre têm facilidade para expressar sentimentos, emoções ou necessidades.

As dificuldades na interação social podem fazer com que as pessoas com autismo achem difícil estabelecer amizades: algumas talvez queiram interagir e fazer amizades, mas podem ficar inseguras sobre como fazer isso.

Dificuldade com a imaginação social
Para nós, é difícil descobrir o que as outras pessoas sabem. Mais difícil ainda é adivinhar o que as outras pessoas estão pensando.

A imaginação social nos permite compreender e prever o comportamento das outras pessoas, entender ideias abstratas e imaginar situações que estejam fora de nossa rotina diária imediata. Dificuldade com a imaginação social significa que as pessoas com autismo têm limitações em:
• compreender e interpretar pensamentos, sentimentos e ações de outras pessoas;
• prever o que vai acontecer a seguir ou o que poderia acontecer a seguir;
• compreender o conceito de perigo; por exemplo, entender que entrar correndo numa rua movimentada representa uma ameaça para elas;
• participar de jogos e atividades imaginativos: as crianças com autismo podem gostar de alguns jogos imaginativos, mas preferem representar sempre as mesmas cenas;
• preparar-se para mudanças e fazer planos para o futuro;
• lidar com situações novas ou desconhecidas.

A dificuldade com a imaginação social não deve ser confundida com falta de imaginação. Muitas pessoas com autismo são bastante criativas e podem se tornar excelentes artistas, músicos ou escritores, por exemplo.

Características do autismo

As características do autismo variam de pessoa para pessoa. Além das três principais áreas de dificuldade, as pessoas com autismo podem desenvolver:

• apego às rotinas;

• sensibilidade sensorial;

• interesses específicos;

• dificuldades de aprendizagem.

Apego às rotinas

Um jovem com autismo frequentava um centro-dia. Ele sempre era deixado de táxi na frente do centro-dia, caminhava até a porta, batia e era recebido. Um dia, a porta se abriu antes que ele pudesse bater e uma pessoa saiu. Em vez de entrar pela porta aberta, ele voltou para o táxi e reiniciou a rotina.”

O mundo pode parecer um lugar muito imprevisível e confuso para as pessoas com autismo, que, muitas vezes, preferem seguir uma rotina diária fixa para saber exatamente o que vai acontecer a cada dia. Essa rotina pode levá-las a sempre querer percorrer o mesmo caminho para a escola ou para o trabalho ou comer exatamente a mesma coisa no café da manhã.

Regras podem ser importantes: para uma pessoa com autismo, talvez seja difícil adotar um jeito diferente de fazer algo, depois de ter aprendido o jeito certo de fazê-lo. As pessoas com autismo podem se sentir desconfortáveis com a ideia de mudança, mas conseguem lidar bem com ela se forem preparadas para isso com antecedência.

Sensibilidade sensorial

Romeu adora artes, mas detesta usar uma camisa para proteger a roupa - a sensação do tecido em sua pele faz com que se sinta aflito. Na escola, concordou-se que ele vista um avental mais solto no lugar da camisa.”

As pessoas com autismo podem ter alguma forma de sensibilidade sensorial. Isso pode ocorrer em relação a um ou mais dos cinco sentidos - visão, audição, olfato, tato e paladar. Quando alguém tem sensibilidade sensorial, percebe os estímulos de modo mais intenso (hipersensibilidade) ou menos intenso (hipossensibilidade).

Por exemplo, uma pessoa com autismo pode achar alguns ruídos de fundo insuportavelmente altos ou perturbadores, enquanto outras pessoas os ignoram ou bloqueiam. Isso pode causar ansiedade ou até mesmo dor física.

As pessoas hipossensíveis podem não sentir dor ou extremos de temperatura. Algumas talvez balancem, girem ou batam as mãos para estimular os sentidos, melhorar o equilíbrio e a postura ou controlar o estresse.

As pessoas com sensibilidade sensorial também podem ter dificuldade em utilizar seu sistema de consciência corporal. Este sistema nos informa onde nosso corpo está. Assim, para as pessoas com consciência corporal reduzida, pode ser mais difícil circular pela residência evitando obstáculos, colocar-se a uma distância apropriada de outras pessoas e executar tarefas que exijam coordenação motora fina, como amarrar cadarços.

Interesses específicos

Minha atividade artística me possibilitou fazer parte da sociedade. Quando há algo que uma pessoa com autismo faz bem, isto deveria ser incentivado e cultivado.”

Muitas pessoas com autismo possuem interesses específicos intensos, o que pode acontecer a partir de uma idade bastante precoce. Estes interesses podem mudar ao longo do tempo ou permanecer por toda a vida, abrangendo desde arte ou música até trens ou computadores. Algumas pessoas com autismo conseguem trabalhar ou estudar em áreas afins. Para outras, os interesses sempre serão apenas um hobby.

Às vezes, um interesse pessoal pode ser incomum. Uma pessoa com autismo adorava colecionar lixo, por exemplo. Com o devido estímulo, esse interesse foi direcionado para a reciclagem e o meio ambiente.

Dificuldades de aprendizagem

Tenho um assistente que se senta ao meu lado e me ajuda quando empaco numa palavra. Isso faz uma grande diferença.”

As pessoas com autismo podem ter dificuldades de aprendizagem, o que certamente afetará de alguma maneira todos os aspectos da vida, desde estudar na escola até aprender a tomar banho ou fazer uma refeição. Tal como acontece com o autismo, as pessoas podem ter diferentes graus de dificuldade de aprendizagem; assim, algumas serão capazes de viver de forma bastante independente – embora necessitem de certo apoio para conseguir isso – enquanto outras podem necessitar de cuidados especializados por toda a vida. No entanto, todas as pessoas com autismo podem aprender e se desenvolver e efetivamente aprendem e se desenvolvem, se tiverem um acompanhamento adequado.

Outras condições estão às vezes associadas ao autismo. Elas podem incluir o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou dificuldades de aprendizagem como a dislexia e a dispraxia.

Quem é impactado pelo autismo?

O autismo é muito mais comum do que muita gente pensa. Há mais de dois milhões de pessoas com autismo no Brasil – cerca de uma em cada cem.

Pessoas de quaisquer nacionalidades e origens culturais, religiosas e sociais podem ter autismo. Mas o transtorno parece afetar mais homens do que mulheres. É uma condição que dura a vida toda: as crianças com autismo crescem e se tornam adultos com autismo.

Causas e curas

O que causa o autismo?

A causa exata do autismo ainda está sendo investigada. No entanto, pesquisas sugerem que uma combinação de fatores – genéticos e ambientais – pode ser responsável por alterações no desenvolvimento do cérebro.

O autismo não vem da educação de uma pessoa ou de suas circunstâncias sociais, e não é culpa do indivíduo que tem essa condição.

Há cura?

Até o momento, não existe cura para o autismo. No entanto, há uma gama de intervenções – métodos para possibilitar a aprendizagem e o desenvolvimento – que podem ser úteis.

Diagnóstico

Um diagnóstico de autismo é a identificação formal dessa condição, sendo geralmente feito por profissionais da saúde, como um pediatra ou psiquiatra. Ter um diagnóstico é importante por duas razões:

• ajuda as pessoas com autismo (e suas famílias) a entender por que podem passar por certas dificuldades e o que podem fazer a respeito disso;

• permite que as pessoas acessem serviços e apoio.

O clínico geral de pessoas com autismo pode encaminhá-las a um especialista que tenha condições de fazer o diagnóstico. Muitas pessoas são diagnosticadas quando crianças; os seus pais e cuidadores podem pedir indicações ao seu clínico geral.

Diferentes nomes para o autismo

Alguns profissionais podem referir-se ao autismo, utilizando nomes diferentes como autismo ou transtorno do espectro do autismo (TEA), autismo clássico ou autismo de Kanner, transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) ou autismo de alto funcionamento, e outros .

Nota:

1. Original em inglês disponível em: http://www.autism.org.uk/autism Os direitos de tradução para uso no Brasil foram cedidos à (c) Associação Mantenedora Pandorga (São Leopoldo/RS). Tradução: Daniela Senger. Revisão da tradução: Luís Marcos Sander. Revisão técnica: Nelson Kirst e Renata Costa de Sá


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