Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e Ecumene



ID: 2676

Unidade na diversidade

25/05/2015

Assim que o evangelho começou a ser pregado não só a judeus, mas também a outras culturas, uma grande questão precisava ser decidida: O que fazer com os diferentes? Impor e exigir que os não judeus observassem a tradição religiosa judaica? Não. A decisão foi aceitar, respeitar e acolher a diversidade. Como tem sido isso nos dias de hoje?

Infelizmente está aumentando a intolerância e a perseguição religiosa. Entre os cristãos e Igrejas, entre religiões diferentes e também em ações de discriminação contra grupos vulneráveis, de maneira especial mulheres, homoafetivos, índios, afrodescendentes, etc. Nas redes sociais vemos conteúdos de intolerância sendo postados.

As Igrejas cristãs, membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), preocupados com a questão da intolerância religiosa, elaboraram um folheto para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que aconteceu de 17-24 de maio último. O folheto, com base no texto bíblico de João 4.1-42, apresenta um estudo sobre a unidade dos cristãos e celebrações de culto. Aproveito o momento para compartilhar um pouco o rico conteúdo apresentado no livreto.

O texto bíblico nos conta que Jesus se encontra e conversa com uma mulher samaritana. Duas pessoas com culturas e religiões diferentes, mas um precisa do outro. Encontro tem disso. Pressupõe trocas. Podemos dizer que pessoas, Igrejas, culturas, religiões e etnias, todos necessitam uns dos outros.

Jesus está cansado e com sede. Precisa de ajuda. Pede então para a mulher lhe dar um pouco de água. Acontece que a mulher também tem sede, de água e de algo mais. Jesus, mesmo sabendo das fraquezas e pecados da mulher, não a acusa nem condena, mas acolhe. Promete que vai saciar a sua sede com uma água especial. Uma água que tem muito mais a oferecer do que H20. Ela contém um bem muito maior. Ela sacia a sede da alma, a sede de vida. Ela dá sentido e direção à vida. Dá nova vida.

Jesus e a mulher bebem água e conversam longamente. A conversa se torna interessante e vai se aprofundando. Surgem descobertas, aprendizado... Ao final, a mulher deixa o cântaro e vai até a cidade para contar da sua experiência com Jesus. Como uma missionária recém convertida ela fala de Jesus e encaminha as pessoas a ele. Destaco que, a atitude da mulher de deixar o pote com água é um sinal de que tinha encontrado um bem maior do que a água que tinha ido buscar.

O que Jesus nos ensina através do seu encontro e diálogo com a mulher samaritana?

1. Jesus nos ensina a termos abertura para encontros e conversas, para conhecer outra forma de fazer a experiência do diálogo e da troca. Com Jesus aprendemos a reconhecer a pluralidade e diversidade. Ouvir o que as pessoas têm a contar sobre a sua fé, sua vida, suas experiências e dúvidas. Podemos dizer que simbolicamente a água representa o que cada pessoa pode partilhar e oferecer ao outro. O ato de dar água é sinal de acolhimento, de hospitalidade. E quem aceita algo do “poço” de quem é diferente também tem algo a partilhar.

2. Jesus nos ensina a não ver o outro como inimigo ou ameaça. Em vez de focar no que o outro tem de diferente, em vez de criticar e falar mal precisamos olhar e valorizar o que o outro tem como fundamento e essência principal e que é comum ao que nós temos. Jesus nos desafia a olhar mais para as essencialidades de cada um, a apreciar mais o que o outro faz do que a sua pertença religiosa.  Infelizmente nem sempre estamos dispostos e preparados para ver as coisas boas que o outro tem. Nem sempre queremos trocar experiências com os outros, conversar, nos ajudar em nossas necessidades, sermos solidários ao nível mais fundamental como atender uma necessidade básica como a água ou outro bem (Mt 25.35-36). Para que isso aconteça precisamos nos livrar de toda e qualquer presunção de superioridade, nos esvaziar de qualquer tipo de arrogância ou ostentação e sermos mais humildes.

3. Aprendemos de Jesus e da mulher samaritana que, quando reconhecemos que existem necessidades recíprocas e nos abrimos para o diálogo e a solidariedade com o outro, nos complementamos e crescemos, nos enriquecemos mutuamente. Temos muito que aprender e compartilhar com outros seguidores do mesmo Jesus.

Finalizando: Jesus pediu água para a mulher samaritana e também tem um pedido para nos fazer: Que sejamos um como ele e o Pai são. Em outras palavras. Quer que o nosso testemunho público como cristãos seja de unidade e de acolhimento a diversidade, de unidade na diversidade, de caminhar ao encontro das pessoas que são diferentes de nós, de partilhar “nossos baldes”, saciar nossas sedes.

Em fim, Jesus pede para que a nossa atuação cidadã e cristã seja de coerência em favor da justiça e da paz; seja um esforço permanente em favor da superação das diversas formas de intolerância religiosa, seja a favor da fraternidade. Dar esse testemunho é fundamental para que as pessoas venham a crer em Jesus e serem agraciadas com a salvação. Que assim seja!
 


Autor(a): P. Eldo Kruger
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Ecumene
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 33421

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